Chapter Two

em quinta-feira, 11 de outubro de 2012 |
20 de Novembro, 2006
04:42h


Não havia nada que eu quisesse mais naquela altura do que haver um ataque de um daqueles demónios nojentos, bem à minha frente. Não permitiria que nada acontecesse a qualquer vítima. Mas a eles, faria-os pagar. Pagar bem caro por todo o mal que faziam aos da minha espécie.
Esses monstros não passavam de aberrações. Eram uma daquelas coisas que fariam as velhotas de hoje dizerem, durante as suas fases de cuscuvelhice, o quanto este mundo está perdido. Em parte, eles têem culpa no cartório. Não havia ser mais responsável pela criminalidade e pelos homicídios do que os vampiros. Só que ninguém acreditava nisso. Eu sabia. Eu sabia do que eles eram capazes para manterem a desordem. Para plantarem a confusão e a dor. Para me enfurecerem até ao limite.
Naquela noite, nada foi diferente do habitual. Fiz as minhas rondas de sempre pelo cemitério local, pela igreja. A cidade estava deserta de qualquer um desses seres da escuridão. Nem sinal deles aos meus olhos. Chegava a ser francamente estranho essa sua ausência. Mas eu não desisti facilmente. Não me iriam apanhar numa armadilha. Não me iria fazer crer que não iriam atacar ninguém, esta noite. Eles eram imensos, havia sempre algum que se descuidava e, à última da hora, precisaria de uma presa de caça. Nessa altura, era a minha vez de agir em conformidade. De arrancar o pescoço a mais um vampiro nojento. E hoje, nada disso iria ser diferente.
O ar frio da noite engolia os meus movimentos. Sentia-me gelada, os ossos chegavam a tremer. Mas nem sequer liguei. Continuei o meu caminho, à saída do cemitério da cidade. As ruas permaneciam desertas, o mais desertas possível. Até ela aparecer.
Andava ao longe, sozinha, atravessando uma das esquinas com um ar de quem quase teme pela vida. Estranhei o seu comportamento. Não era habitual, ela sendo o que era. Era pouco usual os seres nocturnos terem medo daquele que era o seu habitat natural. Resolvi segui-la. Talvez ela só estivesse assim por saber que aquela seria a minha zona de caça e que ali, era ela quem estava em risco, não os humanos. Fui a sua sombra silenciosa durante uns largos minutos até a sentir voltar-se. Escondi-me atrás de uma parede, a primeira que encontrei. Sabia que ela me procurava com o olhar, procurava a direcção do meu cheiro. Tinha a certeza que ela sabia que eu estava por perto... Mas mesmo assim continuou em frente, de novo.
Voltei a deixar-me a descoberto e continuei a segui-la. Tinha de saber quem ela era. Porque agia daquela forma. Por que razão parecia tão... Indefesa. Isso sim era estranho. Só tinha conhecido uma família daquelas. Os Cullen. Não me agradava nada ter de deixar mais uma em liberdade. Isso ia, absolutamente, contra os meus princípios... Mais uma vez.
A vampira acelerou o passo. Eu fiz o mesmo. Na esquina seguinte, consegui, finalmente, encurralá-la. Os olhos estavam vermelhos, ao certo do sangue humano que consumira recentemente. Estes monstros metiam-me um nojo eterno.

- Deixa-me...

Oh, que lindo! Ela tinha medo de mim? Bem, era bom que tivesse. Já era um bom princípio.

- Deixa-me, já te disse...

Tive de pressionar mais o pescoço dela contra a parede, de modo a que não me escapasse. Sentia as unhas dela arranharem as costas da minha mão até fazer sangue mas nunca a larguei.

- Ias roubar mais uns líquidos vermelhos, era? Ou era dessas paragens que vinhas?

- Para que é que te interessa...?

Ok. Agora estou confusa. Ela não sabia quem eu era? Todos eles sabiam!

- Deixa-me... Eu não tenho culpa... Não quero morrer... Deixa-me...

Que piada. Como se a miúda estivesse viva, sequer. Oh poupem-me!

- Estás com medo, é?

Para que é que eu perguntava? Era óbvio, via-se nos olhos dela. Mas, mesmo assim, eu tinha de admitir que gostava da sensação. Gostava de lhes provocar pânico. Gostava que eles implorassem antes de lhes dar o golpe final. Porque de certeza que havia sido essa a reacção da minha mãe quando aquele monstro a assassinou. Ela implorara, ao certo, pela vida. Chorara de medo, gelada pelo pânico que aquele assassino lhe causava. Era assim que eu imaginava que tivesse sido, era isso que eu tinha a certeza que havia acontecido, naquela noite. Por isso, iria fazê-los sofrer. A todos. A cada um que encontrasse ao longo do meu caminho. Não deixaria nenhum escapar. Aquela miúda e a família dela tinham sido apenas uma vez, sem exemplo. Agora, o território era meu e era eu quem o iria dominar.

- Por favor... Imploro-te...

Apertei mais a garganta dela e tirei o punhal do corpete. Não iria nem ligar aos pedidos daquela rapariga. Ela era uma assassina. Como todos eles. Tinha a certeza de que se ela pudesse chorar, o teria feito, de tão assustada. Isso era bom. Maravilhava-me. Eu gostava de os ver sofrer.

- Por favor... Mãe!!!!!!

Larguei-a. Uma simples palavra, um simples grito dela, fez com que a largasse. Talvez nem me desse conta de estar a cometer um erro enorme, ou não, mas... Havia algo nela... Que me fazia lembrar o quanto eu me sentira sozinha. O vazio dentro do meu peito que a morte da minha mãe causara. O quanto eu sentira a sua perda. E eu não era capaz de suportar isso. De ignorar isso. Mesmo vindo de um monstro como ela.

- Mãe...

Ajoelhei-me ao lado dela. Fiz com que uma mão encontrasse a sua face, sem qualquer espécie de receio. Ela não me faria mal, num pranto psicológico como estava. Dependia apenas de mim julgar a verdade ou a mentira das suas palavras para poder saber o que fazer.

- O que aconteceu?

Tentei conservar o tom duro. Mas não consegui fazê-lo.

- Eles... Eles mataram-na e... Mataram-na... Eu não sei, eu acordei assim... Ajuda-me...

Senti o corpo bater na parede quando ela veio na minha direcção e me abraçou. Só aí me dei conta o quão pequena e frágil ela era. Não consegui pensar, não consegui raciocinar com clareza. Abracei-a apenas, também. Será que o meu coração estava a ficar mole, ao fim de tantos anos? Eu já estava a deixar que houvessem muitos vampiros a converterem-me. Ela era um deles. Não sabia o quão forte, o quão poderosa, o quanto poderia estar a arriscar-me, ou se sequer valeria a pena. Apenas sabia que ela era um deles. Mas não poderia fazer-lhe mal. Era apenas uma criança. Apenas mais uma como Renesmee.

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