Quase suspirei de alívio quando a aula, finalmente, acabou. Deixei que
todos se levantassem, para não parecer estranho se eu começasse a
arrumar as coisas sem que me mandassem, enquanto fingia acabar de passar
a resolução do último exercício. Fechei o caderno quando a sala já
estava quase vazia e pu-lo logo na mochila. Quando me levantei e a pus
às costas, vi ainda o mesmo rapaz que havia chegado atrasado a olhar na
minha direcção. Ao que parecia, ele não tinha lá muita pressa de sair da
aula.
– És nova aqui? - perguntou-me simplesmente. Eu limitei-me a
acenar, antes de ficar a olhar para a mão que ele me estendeu em seguida
- Sou o Alan Carter.
Olhei-o só, de novo, sem sequer chegar a minha mão perto da dele.
– Renesmee Cullen.
Ele sorriu.
– Tens um nome engraçado.
Franzi
um sobrolho para ele. Não sei o que raio tinha o meu nome de engraçado
mas pronto. O Jake costumava dizer que era uma espécie de palavrão, mas
eu não percebo o que raio as pessoas achavam que tivesse piada no meu
nome. Havia algum mal em ter o nome das minhas duas avós num só?
Naquela
altura, eu estava a ponderar comigo mesma se deveria dizer a este tal
rapaz que me poderia chamar de Nessie, mas achei por bem não o fazer.
Primeiro porque ia ser estranho, visto que ele nem me conhecia. Segundo
porque a minha mãe matava-o se o ouvisse chamar-me "aquilo" também. Já
bem bastavam as pessoas da família.
– E o teu é tão comum que quase me dão dejavus tremendos só de o ouvir.
Ok,
Nessie, tens de treinar o repertório das tuas respostas. Como se eu
houvesse conhecido muito Alans Carters ao longo da minha vida. Aliás,
como se eu tivesse conhecido alguém além da minha família e do Jake ao
longo da minha vida, sequer.
– Autch! Essa doeu, sabes?
Tive de me rir. Não que ele tivesse tido piada, mas a cara de parvo que ele fizera, tinha de facto imensa graça.
– És um bocado totó, não? - foi a única coisa que me ocorreu perguntar. Foi a ver de ele se rir.
– Tenho os meus momentos - respondeu-me, simplesmente.
– Onde andaste tu que não te vimos durante os intervalos? - perguntou-me o meu pai, visivelmente preocupado. Encolhi os ombros.
– Por aí perdida - limitei-me a dizer. Virei a cara para o meu prato de sopa.
– Então e já conheceste alguém? - questionou a minha mãe - Fizeste amigos?
– A minha turma é uma seca. E não, não conheci ninguém.
Por momentos, vieram-me à cabeça os cerca de cinco minutos que passara com Alan Carter à saida da aula de Matemática. Ergui logo os olhos do meu prato quando ouvi o som audível do riso do meu pai.
– Ele é assim tão mau? - perguntou-me. Suspirei. Que raio de mania irritante a dele de ouvir tudo aquilo que eu pensava. Não se podia ter segredos, hoje em dia?
– Posso processar-te por invasão de privacidade, sabias, Edward? - fiz questão de carregar no nome dele para lhe mostrar que não estava nada contente com aquela ligeira intromissão da sua parte.
– Esta estação de rádio não tem botão off. Está sintonizada no canal Renesmee desde que aqui entraste - ergui-lhe um sobrolho. Como se eu acreditasse nisso... - Ok, esteve sintonizada para esses lados desde que cá chegámos, hoje de manhã - acabou ele por confessar.
Virei-me de novo para o meu prato mas desisti de tentar engolir a sopa. A fachada tinha de ser mantida mas não precisávamos de exagerar na dose. Eu odiava sopa!
Mantive-me quieta e calada, ignorando os silêncios que os meus pais mantinham um entre o outro. Sabia que eles olhavam para mim algumas vezes, mas a minha boca manteve-se fechada como uma larva enrolada no seu casulo. Se eles pensavam que me iam arrancar mais alguma coisa, estavam muito enganados! Faltava pouco para eu começar a fazer como a minha tia Alice... Pensar em hinos para que o senhor Edward Cullen não pudesse apanhar o raio do "canal Renesmee".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Leu? Gostou? Comente e me ajude a ter ânimo para continuar!
Leu? Não gostou? Porquê? Explique o seu ponto de vista!
:D
Ahhhh e deixe o seu nome :) Não esqueça :)