Prologue

em quinta-feira, 11 de outubro de 2012 |
Existem coisas demasiado importantes que o nosso coração pode esconder. Através dele, podemos usar uma máscara, estar protegidos por uma espécie de prisão que acaba por prevenir uma possível mágoa futura. Essa mesma protecção age como uma espécie de espelho, um reflector que nos mostra, um dia mais tarde, os nossos erros e glórias um a um. Que nos obriga a reviver os momentos mais marcantes, sejam eles de índole gratificante ou, simplesmente, dolorosa. Que nos obriga a ser humanos.
Uma coisa que muitos aprendem com o passar dos anos é a aceitar os sobressaltos da vida. Eu posso dizer que tenho sido, em todo este tempo, uma dessas pessoas. Que tenho aprendido a aceitar e a viver com os meus sobressaltos, a crescer com eles. A aproveitar o que deles posso extorquir de melhor. A dar sempre o melhor de mim em tudo o que faço. Porque é isto que eu sou. Uma lutadora.
No entanto, acho que, por vezes, todos temos o direito de pensar em desistir. Eu própria já quis fazê-lo, não só num mas em vários momentos. Mas sabem o que fiz? Olhei em frente. Pensei que também tenho o direito de ser feliz. Que também mereço uma oportunidade disso. Por isso mesmo, resolvi fazer-me à estrada e esbravear-me até conseguir o que queria. E entrar em Advocacia foi o melhor desejo que, alguma vez, consegui ter a chance de realizar na minha vida.
O curso foi totalmente diferente de tudo o que havia, contudo, pensado. Não posso dizer que as dificuldades tenham sido muitas pois sempre aprendera bastante depressa na escola mas, em especial para os meus pais, foi uma altura complicada demais. Estivemos sem dinheiro durante muito tempo, mas os seus esforços sempre foram os maiores para me proporcionar a melhor carreira e o melhor futuro que ambos pudessem. Sou daquelas pessoas que posso garantir que devo aos meus pais tudo aquilo que hoje sou, fazendo-o com todo o orgulho possível que me enche o peito.
Depois da faculdade, tive a oportunidade de conseguir estagiar numa das melhores firmas do país. Isso, sobretudo, ajudava à minha realização pessoal e fazia com que eu tivesse ainda mais vontade de continuar a progredir no meu trabalho.
Não demorou muito até que as minhas capacidades fossem denotadas a nível dos sócios maioritários do escritório. Depressa subi de estagiária a secretária do dono da firma. Até ao dia em que este se reformou. E foi precisamente nesse dia que se deu início ao meu maior pesadelo.
Soube que ele tomaria posse da empresa nem três horas antes de ouvir os seus passos caminharem desde a saída do elevador pelos corredores. Não me sentia nem um pouco preparada para algo daquele tipo. Estava demasiado habituada à simpatia de Mr Uchiha, às suas boas disposições matinais, aos seus bons dias sempre cheios de frescura que conseguiam animar até a pessoa mais triste em todas as manhãs da semana inteira. Sabia que, a partir daquele dia, tudo seria diferente. Que as coisas no meu trabalho e para mim mesma seriam diferentes. Mr Uchiha era um bom homem, mas não eram ditas as melhores coisas acerca do seu único filho.
Sasuke Uchiha era conhecido como um advogado implacável. Raramente perdia um caso e não admitia uma derrota em qualquer ponto da sua vida profissional nem pessoal. Não o conhecia muito bem, sabia apenas do quanto era sério e tinha o hábito de destratar os empregados, pelo que era dito no escritório do pai. Também tinha fama de mulherengo. Extremamente mulherengo. Pelo que eu ouvira por portas alheias, era raro o caso em que era visto com a mesma mulher ou lhe haviam conhecido um namoro sério.
Agora, teria de passar a trabalhar para ele. Sentia-me incomodada. Não o conhecia, não sabia nada de si tirando o que me havia sido dito. Nunca fora de acatar opiniões das más-línguas mas só a referência ao seu nome me trazia uma má sensação, uma espécie de nó no estômago. Mas não tinha outra opção. E, até mesmo nessas condições, faria os possíveis para dar o meu melhor.

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