Existem coisas demasiado importantes que o nosso coração pode
esconder. Através dele, podemos usar uma máscara, estar protegidos por
uma espécie de prisão que acaba por prevenir uma possível mágoa futura.
Essa mesma protecção age como uma espécie de espelho, um reflector que
nos mostra, um dia mais tarde, os nossos erros e glórias um a um. Que
nos obriga a reviver os momentos mais marcantes, sejam eles de índole
gratificante ou, simplesmente, dolorosa. Que nos obriga a ser humanos.
Uma
coisa que muitos aprendem com o passar dos anos é a aceitar os
sobressaltos da vida. Eu posso dizer que tenho sido, em todo este tempo,
uma dessas pessoas. Que tenho aprendido a aceitar e a viver com os meus
sobressaltos, a crescer com eles. A aproveitar o que deles posso
extorquir de melhor. A dar sempre o melhor de mim em tudo o que faço.
Porque é isto que eu sou. Uma lutadora.
No entanto, acho
que, por vezes, todos temos o direito de pensar em desistir. Eu própria
já quis fazê-lo, não só num mas em vários momentos. Mas sabem o que
fiz? Olhei em frente. Pensei que também tenho o direito de ser feliz.
Que também mereço uma oportunidade disso. Por isso mesmo, resolvi
fazer-me à estrada e esbravear-me até conseguir o que queria. E entrar
em Advocacia foi o melhor desejo que, alguma vez, consegui ter a chance
de realizar na minha vida.
O curso foi totalmente
diferente de tudo o que havia, contudo, pensado. Não posso dizer que as
dificuldades tenham sido muitas pois sempre aprendera bastante depressa
na escola mas, em especial para os meus pais, foi uma altura complicada
demais. Estivemos sem dinheiro durante muito tempo, mas os seus esforços
sempre foram os maiores para me proporcionar a melhor carreira e o
melhor futuro que ambos pudessem. Sou daquelas pessoas que posso
garantir que devo aos meus pais tudo aquilo que hoje sou, fazendo-o com
todo o orgulho possível que me enche o peito.
Depois da
faculdade, tive a oportunidade de conseguir estagiar numa das melhores
firmas do país. Isso, sobretudo, ajudava à minha realização pessoal e
fazia com que eu tivesse ainda mais vontade de continuar a progredir no
meu trabalho.
Não demorou muito até que as minhas
capacidades fossem denotadas a nível dos sócios maioritários do
escritório. Depressa subi de estagiária a secretária do dono da firma.
Até ao dia em que este se reformou. E foi precisamente nesse dia que se
deu início ao meu maior pesadelo.
Soube que ele tomaria
posse da empresa nem três horas antes de ouvir os seus passos caminharem
desde a saída do elevador pelos corredores. Não me sentia nem um pouco
preparada para algo daquele tipo. Estava demasiado habituada à simpatia
de Mr Uchiha, às suas boas disposições matinais, aos seus bons dias
sempre cheios de frescura que conseguiam animar até a pessoa mais triste
em todas as manhãs da semana inteira. Sabia que, a partir daquele dia,
tudo seria diferente. Que as coisas no meu trabalho e para mim mesma
seriam diferentes. Mr Uchiha era um bom homem, mas não eram ditas as
melhores coisas acerca do seu único filho.
Sasuke Uchiha
era conhecido como um advogado implacável. Raramente perdia um caso e
não admitia uma derrota em qualquer ponto da sua vida profissional nem
pessoal. Não o conhecia muito bem, sabia apenas do quanto era sério e
tinha o hábito de destratar os empregados, pelo que era dito no
escritório do pai. Também tinha fama de mulherengo. Extremamente
mulherengo. Pelo que eu ouvira por portas alheias, era raro o caso em
que era visto com a mesma mulher ou lhe haviam conhecido um namoro
sério.
Agora, teria de passar a trabalhar para ele.
Sentia-me incomodada. Não o conhecia, não sabia nada de si tirando o que
me havia sido dito. Nunca fora de acatar opiniões das más-línguas mas
só a referência ao seu nome me trazia uma má sensação, uma espécie de nó
no estômago. Mas não tinha outra opção. E, até mesmo nessas condições,
faria os possíveis para dar o meu melhor.
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