Perdera a conta a
quantas vezes pensara naquilo, a quantas vezes chorara devido àquela
situação. Aos poucos, perdia a esperança de as coisas se remediarem e de
eu poder dizer a todos, uma vez mais, que teria sempre Michael à minha
espera. A partir deste momento, esse meu comentário seria feito em vão.
De nada serviria senão para eu me enganar a mim própria.
Tudo
acontecera tão rápido que eu perdera o controlo absoluto. Não houvera
nada que pudesse ter feito para mudar as coisas, nem tampouco para as
impedir. Simplesmente acontecera. E eu odiava aquele idiota daquele
inglês irritante devido a isso.
Desde cedo me apercebera de que
Robert Pattinson deveria ter um gostinho especial por estragar a vida
alheia, nomeadamente quando se tratava da minha pessoa. Ao início, pouco
me preocupara com isso, limitava-me a ficar na minha e ignorar, mas com
o passar do tempo e as suas contínuas provocações, a permanência dessa
situação foi-se tornando impossível. E, nessa altura, pura e
simplesmente, tive de explodir.
Robert’s POV:
Podia
dizer que era fácil. Estava a mentir. Podia dizer que não a queria, aí
mentiria também. Podia até dizer que afastar-me dela era a coisa mais
simples do mundo e essa era a maior mentira.
Eu sabia que não
podia continuar, não devia. Ela era muito melhor sem mim. Com ele, ela
tinha tudo aquilo que eu não podia dar-lhe. Sei que vim estorvar a sua
vida, que vim destabilizar a sua cabeça, que vim incomodá-la de todas as
formas. Mas, e agora? O que podia eu fazer? Afastar-me e sofrer? Ou
continuar a lutar para a ter? Era difícil. Eu precisava que ela
estivesse bem para estar bem. Só que eu duvidava que ela ficasse bem comigo. Esse era o meu medo. O meu receio, tê-la e saber que ela não queria. Mas… Ensinaram-me a lutar e enfrentar os medos.
Foi assim que eu cresci. A lutar. E agora… Eu não ia mudar isso. Eu ia fazê-la ver que eu podia mudar e melhorar para estar ao lado dela. Eu ia fazê-la ver que comigo, ela também podia estar bem. Bastava ela querer. Eu podia dar-lhe o mundo, fazê-la sentir-se a única mulher à face da terra, só precisava de uma brecha dela, um sorriso e não um soco.
Foi assim que eu cresci. A lutar. E agora… Eu não ia mudar isso. Eu ia fazê-la ver que eu podia mudar e melhorar para estar ao lado dela. Eu ia fazê-la ver que comigo, ela também podia estar bem. Bastava ela querer. Eu podia dar-lhe o mundo, fazê-la sentir-se a única mulher à face da terra, só precisava de uma brecha dela, um sorriso e não um soco.
E
basta ela pedir que eu irei afastar-me sem mais voltar. Eu desistirei
na primeira vez que ela me pedir para o fazer. Por enquanto… Eu lutarei
por ela. Eu irei amá-la, eu irei obrigá-la a olhar para mim com outros
olhos que não os de ódio. E isto é uma promessa.
Kristen’s POV:
Sim,
isto é uma promessa. Prometo que não mais ele terá o gosto de me ver
irritada ou infeliz. Que não mais saberá que sofro ou que me interessa
minimamente as coisas que diz de mim. Elas não me importam! Sempre fui
assim, se ele gosta muito bem, se não azar o dele.
E sim, eu
tinha saudades de Michael. Durante anos, ele fora a paragem dos meus
desabafos e desgostos mais profundos, das minhas mágoas mais constantes,
dos pontos mais baixos da minha vida. Tinha saudades do que tínhamos
vivido… Juntos. De toda a felicidade que aquele inglês ignorante acabara
por estragar, com pouco mais que um simples sopro. Esse acontecimento
fora plenamente fatal para mim. Ainda hoje me doía pensar no quão
depressa as coisas haviam sucedido. E era tudo culpa dele!
Odiava
ter de passar por ele, dia-a-dia, e fingir que tudo estava bem. Odiava
que ele me olhasse com aquele ar nojento todas as vezes que tinha de
vestir a pele da Bella para dizer que o amava ou para o beijar.
Detestava que ele me tocasse. Punha-me raiva sentir-me vulnerável com
este homem, já que nunca nenhum outro me tinha feito sentir tal coisa.
Mas o que fazer agora?
Robert’s POV:
Ela
podia negar o que quisesse. Podia falar que não, podia ignorar-me,
tudo. Mas eu sabia que ela sentia algo por mim. Eu só não sabia a
dimensão disso.
Só sabia que eu lutaria por ela. Por mais que
doesse saber que ela continuava com o corno. Por mais que custasse
ouvi-la a falar dele, vê-la com ele como não era para mim. Nunca lhe
havia feito nada. Simplesmente nada. Eu começara a amá-la. Porque ela me
julgava então? Amar é crime? Não. Não é. Mas sim, eu era prisioneiro
dela. Era simplesmente impossível imaginá-la com ele. Ao lado dele. A
beijá-lo.
Só imagino se fosse o contrário. Se a Nina aparecesse e
eu lhe desse atenção. Como ela reagiria? Bom, conhecendo-a como
conheço, ela iria ignorar-me. Como eu podia lutar por ela? Kristen não
me deixava aproximar. E isso doía. Porque ela não entendia? Porque não
cedia ao que eu tentava? Porquê? O que eu tinha de errado? Porque não
podia tentar conquistá-la e tê-la para mim? A resposta Michael
não justificava mais. Eu sabia que não desde que a beijara na audição
para a merda do filme. Algo mudou naquela cama. E ambos sabíamos disso.
Kristen’s POV:
Irritava-me
pensar que concordara com a Catherine quando ela decidira aceitá-lo
para o papel. Era verdade que ele era o melhor, era de todos e de longe o
Edward mais perfeito que já havia aparecido naqueles horríveis e
cansativos dias de audições. Contra isso, eu não podia opor-me. A única
coisa que podia fazer era amaldiçoar esse dia. Como nunca sentira
necessidade de amaldiçoar outro dos que recheavam a minha vida inteira.
O
facto é que todos achavam que eu e ele tínhamos tipo uma química
genial. Catherine costumava brincar com a coisa e dizer que o que havia
entre mim e Robert era do género que passava completamente por todas as
áreas: Química, Física, Matemática, Linguística. Para mim, essa
observação era plenamente exagerada. Mas, ao contrário de mim, ninguém
mais parecia achar que esse fosse o caso.
Comentário puxa
comentário e, passados uns meses, todos diziam que eu e Robert tínhamos
mais do que uma relação de bons colegas de trabalho. Isso deixava-me
furiosa, em especial quando Michael estava presente. E aquele britânico
parvalhão fazia questão de piorar as coisas quando se fazia a mim mesmo à
frente dele.
Robert’s POV:
Ela
certamente não sabia o quanto doía vê-la com Michael. A única forma de
me manter bem era estar perto dela, mesmo estando o corno junto. Eu não
me importava com ele. Só com o facto de ela estar com aquele parasita.
Eu ia tirá-lo da vida dela. Ele podia até merecê-la mais do que eu, mas
agora, eu queria-a. E eu lutaria por ela. Até ao fim. Até ela dizer que
não me queria de maneira nenhuma.
Kristen seria minha. Lutasse o que eu tivesse que lutar.
Até
ela me dizer na cara que não queria nada, até ela me parar quando eu a
tentasse beijar, até ela deixar de agarrar o meu cabelo com força quando
nos beijávamos, mesmo que fosse para a merda do filme. Até aí, eu
lutaria por ela. Depois daí… Eu lutaria e faria-a fazer tudo de novo.
Ela era como uma droga. Eu precisava dela.
Kristen entrou na
minha vida para mudar tudo. Ela veio baralhar as minhas ideias de amor.
Eu não queria amar uma mulher. Eu queria curtir, ser feliz… Não depender
dela com a minha vida. Mas agora… Era impossível remediar.
Kristen’s POV:
Eu
já estava cansada dos estragos que ele causara na minha vida. Durante o
último ano, as coisas não haviam sido nada fáceis para mim com toda a
pressão do filme, dos fãs e da própria equipa. Toda a gente esperava que
eu desse o meu melhor, toda a gente sabia que eu o faria, com toda a
certeza. Mas eu tinha medo. Os grandes papéis assustavam-me sempre,
desde pequena, mas ao mesmo tempo soavam a desafio e isso fascinava-me
por completo. Era a maior satisfação de uma actriz da minha idade saber
que o meu trabalho era apreciado e levado a sério. Porque eu levava isto demasiado a sério.
Só
que, com o passar dos dias, eu descobrira que havia algo que eu temia
mais do que não ser reconhecida pelo meu talento e não como pela forma
que me vestia ou me apresentava em público, perante os paparazzi: Temia, absolutamente, que ele invadisse a minha vida privada. E foi precisamente isso que Robert fizera.
Robert’s POV:
Será
que ela não entendia o que eu queria dela? Não era por diversão. Antes
fosse. Eu estava vidrado nela. Eu não me lembrava mais de quem eu era.
Era só ela presente. E isso… Era tudo o que eu não queria antes. Quando a
minha vida era um mar de rosas perfeitas. Mas então ela apareceu. E o
seu sorriso. E a sua voz fria dirigida a mim. E os seus olhos verdes. E o
seu corpo… Ugr, ela podia acabar comigo, se quisesse.
Mas então
eu perguntava-me porque eu a amava. Era difícil perceber. Ela era fria
para mim. E eu nunca, nunca lhe fizera nada. Ela atacava-me sempre que
eu falava com ela. E eu sempre a via a sorrir, feliz e contente a falar
com os outros quando a mim me virava as costas. Isso magoava-me. E ela
não percebia. Claro. Ela só pensava nela e no corno.
A verdade é
que eu estava pronto para enfrentá-la e perguntar-lhe porquê. O porquê
de toda aquela grosseria para mim, de toda aquela frieza. Eu queria
entender.
Kristen’s POV:
Eu queria,
verdadeiramente, entender o que era preciso fazer para que ele me
deixasse em paz. Já ponderara perguntar-lhe directamente mas acabava
sempre por desistir de o fazer. Achava que não valia a pena, iria apenas
gastar o meu latim a falar disso com ele. E testar, ainda mais, a minha
pouca paciência.
Robert’s POV:
O que eu
faria da minha vida agora? Ela estava a acabar comigo aos poucos. E
quando eu a vi a passar na minha frente de novo como uma flecha, decidi
segui-la. O cheiro dela atraía-me. Eu corri atrás dela. Eu tinha que
falar com ela. Nem que fosse para ouvir um insulto ou para levar um
estalo. Chamem-me masoquista. Denomino-me apaixonado. E apanhei-a logo
depois. Parando atrás dela e olhando-a. Ela sentiria a minha presença,
eu sabia disso.
Kristen’s POV:
Já contava
que ele me seguisse. Mas não ia falar com ele. Ele não teria uma única
palavra minha. Faria o mesmo que fazia de todas as vezes que ele me
procurava, iria simplesmente ignorar. Não diria nada, nem que Robert
ficasse a falar para as paredes o tempo todo. Palavras não eram
necessárias para que ele percebesse o sentimento que mais despertava em
mim: Desconcerto.
Entrei no Camarim disparada, fazendo questão de
fechar a porta atrás de mim. Não o deixaria entrar e muito menos
deixaria que ele me seguisse mais. Tinha de ser eu a acabar com aquilo, a
dar um corte radical naquela situação, já que ele não era
suficientemente inteligente para perceber as coisas à primeira.
Robert’s POV:
Aquela
reacção dela irritou-me. Ela fechou a porta na minha cara. Foi como um
estalo. Um aviso perfeito de “Nem tentes”. Claro. O que eu pensava? Que
ela ia abrir a porta para eu entrar e conversar comigo?! Burro!
Virei
costas e fui para o meu Camarim disparado. Fechei a porta atrás e
suspirei. Ela ia deixar-me louco. Aquela mulher linda… Aquela… Mulher
que eu queria para mim e… Não tinha. Olhei a porta e respirei fundo. Eu
podia estar com ela agora… Se fosse fácil…
Kristen’s POV:
Quem
me dera que fosse mais fácil continuar a fazer aquilo. Mas não era. Ao
contrário das minhas espectativas, era totalmente complicado. Chegava a
doer pensar no quanto eu o afastara naquele momento. Mas… Porquê? Porque
doía tanto?
Veio-me à cabeça a última cena que havíamos gravado
juntos. A cena em que havíamos dado o nosso último beijo. Nessas cenas,
eu tentava sempre entregar-me o máximo possível para tentar tornar a
coisa realista ao máximo. E, normalmente, conseguia. Isso nunca afectara
a minha vida pessoal… Até àquele momento. Até ao momento em que beijara
aquela boca dele.
Passei a mão pelos cabelos, nervosa,
antes de encarar a porta do meu refúgio. Sentia-me claustrofóbica ali
dentro, mas ao mesmo tempo tinha medo de sair. Se o encontrasse, se o
tivesse de novo bem à minha frente, sabia que não aguentaria. Sabia que
poderia cometer um erro, um grave erro do qual me pudesse vir a
arrepender bastante. Mas a vida era feita de riscos. E eu era louca ao
ponto de correr aquele.
Robert’s POV:
Quem disse que a vida é justa, é um bastardo infeliz.
A
vida é injusta. A vida é na verdade uma vaca que vai comendo a erva de
felicidade que nasce. A vida não é boa o suficiente para nos deixar
felizes totalmente.
A vida não era capaz de me dar uma
oportunidade com ela, aquela mulher que me enlouquecia. Aquela mulher
que agarrava os meus cabelos com força quando nos beijávamos nas
gravações, aquela mulher que me olhava depois de separar os seus lábios
dos meus e que tinha a mais linda conversa comigo, através de um olhar.
Aquela
mulher que estava a escassos metros de mim. Aquela mulher que estava ao
meu alcance. O que eu posso dizer? Foi como se fosse automático. Depois
de lembrar da sua face, do seu corpo, dela… Eu abri a porta do Camarim e
saí, deixando a razão lá dentro. Quem disse que a vida não é feita de
impulsos?
Corri em vez de andar, corri como quem corre pela vida.
Porque no final de contas, era isso que eu estava a fazer, a correr
pela minha vida, ela. E seria assim. Até eu não poder correr mais.
Kristen’s POV:
É
ingrato quando pensamos em algo que não queremos fazer e vamos
justamente cair na ratoeira que o destino nos planta para dar conta
dessa mesma acção. É horrível quando essas armadilhas nos dão escolha
mas não somos fortes o suficiente para fazer aquela que a cabeça dita
ser a certa. Quando usamos o coração. Mas desde sempre eu havia usado o
coração para pensar, porque é que faria de forma diferente naquela
altura?
Ser guiada pelos batimentos que se davam cá dentro
assustava-me. Como nunca nada me assustara antes. Dava ao peito vontade
de chorar e deixava-o apertado, sem qualquer hipótese de respiração. E,
apesar do meu medo só aumentar quando estava perto dele, naquele
instante eu desisti de temer pela minha razão.
Se estivesse a ser
racional, teria agido de uma maneira diferente. Só que eu nunca soube
ser racional, deixar o cérebro guiar os meus sentimentos era algo que,
simplesmente, não iria nunca combinar comigo.
Correndo para os seus braços e deixando que estes me alcançassem da mesma forma era tudo menos isso, racional. Deixar que a sua boca beijasse a minha como nunca antes fizera era plenamente irracional. Amá-lo era absurdamente nada racional. Mas, no fim de tudo, quem diz que a racionalidade é o sinónimo perfeito de felicidade?
FIM
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